«Toda a criação geme com trabalho de parto. E também nós gememos, na expectativa da redenção do nosso corpo» (Rom 8, 22-23).

A contemplação do Paraíso maravilhou-me, pela sua paz e a sua beleza: ali mora a beleza sem mancha, ali reside a paz sem tumulto. Feliz aquele que merecer recebê-la, se não por justiça, ao menos por bondade; se não por causa das suas obras, ao menos por piedade. […]

Quando o meu espírito regressou à Terra, mãe dos espinhos, apresentaram-se-me dores e males de todo o gênero. Aprendi assim que este lugar é uma prisão. E, contudo, os cativos que nela estão encerrados choram ao sair dela. Espantei-me também ao ver o que as crianças choram ao sair do seio materno: choram quando passam das trevas para a luz, de um espaço estreito para o vasto universo. Também a morte é, para os homens, uma espécie de parto: os que nascem, choram ao deixar o Universo, mãe das dores, para entrar no Paraíso de delícias.

Ó Tu, Senhor do Paraíso, tem piedade de mim! Se não me for possível entrar no teu Paraíso, faz-me ao menos digno dos prados que o rodeiam. No centro do Paraíso está a mesa dos santos, mas os seus frutos caem para o exterior como migalhas destinadas aos pecadores que, também aí, viverão pela tua bondade.

Santo Efrém da Síria (c. 306-373)
Hinos sobre o Paraíso
Fonte: Evangelho Cotidiano

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *