«Abre os meus olhos […] às maravilhas da Tua lei» [Sl 119 (118), 18]

Jesus tomou-o pela mão e conduziu-o para fora da aldeia. Deitou-lhe saliva nos olhos, impôs-lhe as mãos e perguntou-lhe: «Vês alguma coisa?» O conhecimento é sempre progressivo. […] Só à custa de muito tempo e de uma longa aprendizagem é que podemos atingir um conhecimento perfeito. Primeiro saem as sujidades, a cegueira desaparece, e é assim que vem a luz. A saliva do Senhor é um ensinamento perfeito; para ensinar de forma perfeita, ela provém da boca do Senhor; a saliva do Senhor provém, por assim dizer, da Sua substância, e o conhecimento, sendo a palavra que provém da Sua boca, é um remédio. […]

«Vejo os homens; vejo-os como árvores a andar»; ainda vejo sombras, ainda não vejo a verdade. Eis o sentido desta palavra: vejo qualquer coisa na Lei, mas ainda não tenho a percepção da luminosidade radiosa do Evangelho. […] «Jesus impôs-lhe outra vez as mãos sobre os olhos e ele viu perfeitamente; […] e distinguia tudo com nitidez». Via, digo eu, tudo o que nós vemos: via o mistério da Trindade, via todos os mistérios sagrados que estão no Evangelho. […] Nós também os vemos, porque acreditamos em Cristo, que é a verdadeira luz.

São Jerônimo (347-420), presbítero, tradutor da Bíblia,
Homilias sobre o Evangelho de Marcos, n°8, 235 (a partir da trad. SC 494, p. 143)
Fonte: Evangelho Cotidiano

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