Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo

«Eis o Cordeiro de Deus», diz João Baptista. Jesus não diz nada; é João que diz tudo. O esposo tem por costume agir assim; ainda não diz nada à esposa, mas apresenta-se e realiza-se em silêncio. Outros o anunciam e lhe apresentam a esposa. Quando ela aparece, o esposo não a toma ele próprio, mas recebe-a das mãos de outrem. Mas logo que a recebe assim das mãos de outro, une-se a ela tão fortemente que ela não se recorda mais daqueles que deixou para o seguir.

Foi o que aconteceu em relação a Jesus Cristo. Ele veio para esposar a humanidade; Ele próprio não disse nada, não fez senão apresentar-Se. Foi João, o amigo do Esposo, que pôs na sua mão a da Esposa, ou seja, o coração dos homens, que ele persuadira com a sua pregação. Então Jesus Cristo recebeu-os e cumulou-os de tantos bens, que eles não voltaram para aquele que os tinha levado até Ele. […] Ele tirou a Esposa da sua muito humilde condição para a conduzir à casa de seu Pai. […]

Foi João, o amigo do Esposo, quem, sozinho, esteve presente nestas bodas; foi então ele quem fez tudo; percebendo Jesus que vinha, disse: «Eis o Cordeiro de Deus.» E assim mostrou que não era apenas pela voz, mas também pelos olhos, que dava testemunho ao Esposo. Ele admirava o Filho de Deus e, contemplando-O, o seu coração exultava de alegria e de felicidade. Antes de O anunciar, admira-O presente, e faz conhecer o dom que Jesus veio trazer: «Eis o Cordeiro de Deus.» É Ele, diz João, quem tira o pecado do mundo, e fá-lo sem cessar, não apenas no momento da Sua Paixão quando sofre por nós. Se oferece apenas uma vez o seu sacrifício pelos pecados do mundo, este sacrifício único purifica para sempre os pecados de todos os homens até ao fim do mundo.             

São João Crisóstomo (c. 345-407),
presbítero em Antioquia, depois Bispo de Constantinopla
Catequese 18 sobre o evangelho de São João
Fonte: Evangelho Cotidiano

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