A negação de Pedro

Bom Pastor, que deste a vida pelas Tuas ovelhas (Jo 10, 11), apressa-Te, ó santo, a salvar o Teu rebanho. […]

Após a refeição, Cristo disse: Meus filhos, Meus queridos discípulos, esta noite todos Me negareis e fugireis de Mim (Jo 16, 32). E, tendo todos ficado estupefactos, Pedro exclamou: Mesmo que todos Te neguem, eu não Te negarei. Eu estarei conTigo, e conTigo morrerei exclamando: Apressa-Te, ó Santo, a salvar o Teu rebanho.

Que dizes, Mestre? Eu, negar-Te? Eu, abandonar-Te e fugir? E o Teu chamamento, e a honra que me fizeste, esquecer-me-ei deles? Ainda me recordo de me teres lavado os pés e Tu dizes: Hás-de negar-Me? Vejo-Te aproximar, com uma bacia na mão, Tu que sustentas a terra e seguras o céu. Com essas mãos com que fui moldado são lavados os meus pés, e Tu declaras que cairei e que não voltarei a exclamar: Apressa-Te, ó Santo, a salvar o Teu rebanho? […]

Ao ouvir estas palavras, o Criador do homem respondeu a Pedro: Que Me dizes, Pedro, Meu amigo? Que não Me negarás? Que não fugirás de Mim? Que não Me rejeitarás? Também Eu gostaria muito de que assim fosse, mas a tua fé é vacilante e não resistes às tentações. Não te lembras de que por pouco não te afogavas, se Eu não te estendesse a mão? Andaste sobre as águas, tal como Eu, mas logo hesitaste e depressa sucumbiste (Mt 14, 28 ss.). E Eu acorri em teu auxílio, quando gritaste: Apressa-Te, ó Santo, a salvar o Teu rebanho.

Eis que te digo: antes de o galo cantar, três vezes Me trairás e, deixando-te abater por todos os lados e deixando submergir o teu espírito como que pelas vagas do mar, três vezes Me negarás. Tu que então exclamaste e que agora hás-de chorar, tu já não Me terás junto de ti, para te dar a mão como da primeira vez, pois dessa mão Me servirei para escrever uma carta de remissão em favor de todos os descendentes de Adão. Da Minha carne que vês farei um papel, do Meu sangue a tinta, para nela escrever o dom que distribuo sem demora a quantos exclamam: Apressa-Te, ó Santo, a salvar o Teu rebanho!       

São Romano, o Melódio
Hino 34 (trad. SC 128, p. 111s)
Fonte: Evangelho Cotidiano

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